domingo, 26 de agosto de 2012

Dominó


         Em frente à cafeteria Saint Louis, um jovem adulto usa seu notebook para escrever suas memórias fictícias, enquanto espera o garçom chegar com seu café quente e amargo. Uma moça aproxima-se e toca-lhe o ombro. – Oi, meu amor. – Diz André carinhosamente, mas sem tirar os olhos da tela. Ana Clara senta-se ao lado do namorado e acende um cigarro de filtro branco. – Eu sei o que você pensa sobre isso, só que não me importo. Minha vida, meus vícios... – André desliga o computador, levanta-se e tira a sua aliança do dedo, deixando-a sob a mesa. – Exatamente, Ana Clara... é a sua vida. Não a minha.
         Enquanto André distancia-se, ela olha para o anel dourado à sua frente e chora em silêncio. Alguns minutos depois, está num táxi que cheira a incenso floral e perfume barato. Perdida em ideias tristes, Ana Clara percebe que sua vida mudaria completamente. Já é noite quando ela chega a seu apartamento. Serve uma taça de vinho tinto suave e põe-se a navegar pelas salas de bate-papo online, a fim de esquecer o rompimento com André. Um nome masculino chama sua atenção e eles trocam cumprimentos. Ele é engraçado e interessante. Após algumas horas de conversa, Ana Clara resolve perguntar-lhe se Paulo é seu nome verdadeiro. À resposta positiva, segue-se a despedida. – Desculpa, Ana, mas eu tenho que dormir.
         São nove horas da manhã e Paulo dá um pulo da cama. Percebendo que se atrasaria para a importante reunião no escritório, decide dormir mais um pouco. “Quero nem saber!” – Pensou.
         Do outro lado da cidade, Jade telefona, desesperadamente, para seu chefe. “Atende, Paulo, atende!”. – Jade, os clientes estão esperando. Cadê o Paulo? – Pergunta Marcos, o diretor de criação. – Não sei, chefe! Eu sou a secretária dele, não a mãe!
         Diante da sua ausência, Marcos resolve apresentar sozinho o projeto gráfico de Paulo. Ao fim da reunião, Marcos chama Jade até sua sala.
– Conseguiu falar com o Paulo? – Diz ele, fazendo sinal para que a porta seja fechada. – Ainda não, senhor. – Então vai buscar ele, já!
         Jade pega o carro e sai dirigindo pelo centro. Porque ainda está ocupada, pensando na bronca que daria em seu chefe e amigo, acaba por não perceber o sinal vermelho. Uma moto preta atravessa à sua frente e o carro de Jade acaba parando do outro lado da avenida. Tudo fica preto e, então, branco. O cheiro de desinfetante cítrico e soro invade seus sentidos e ela acorda em um leito. O enfermeiro aproxima-se da cama e pergunta-lhe o nome, quantos anos tem e onde trabalha. – Eu sou a Jade, tenho 26 anos e acho que perdi meu emprego. E você?
Ele sorri e aponta o crachá no seu peito. – Eu sou o André, tenho 32 e perdi a namorada. – Prazer, André. – Prazer.         Em frente à cafeteria Saint Louis, um jovem adulto usa seu notebook para escrever suas memórias fictícias, enquanto espera o garçom chegar com seu café quente e amargo. Uma moça aproxima-se e toca-lhe o ombro. – Oi, meu amor. – Diz André carinhosamente, mas sem tirar os olhos da tela. Ana Clara senta-se ao lado do namorado e acende um cigarro de filtro branco. – Eu sei o que você pensa sobre isso, só que não me importo. Minha vida, meus vícios... – André desliga o computador, levanta-se e tira a sua aliança do dedo, deixando-a sob a mesa. – Exatamente, Ana Clara... é a sua vida. Não a minha.
         Enquanto André distancia-se, ela olha para o anel dourado à sua frente e chora em silêncio. Alguns minutos depois, está num táxi que cheira a incenso floral e perfume barato. Perdida em ideias tristes, Ana Clara percebe que sua vida mudaria completamente. Já é noite quando ela chega a seu apartamento. Serve uma taça de vinho tinto suave e põe-se a navegar pelas salas de bate-papo online, a fim de esquecer o rompimento com André. Um nome masculino chama sua atenção e eles trocam cumprimentos. Ele é engraçado e interessante. Após algumas horas de conversa, Ana Clara resolve perguntar-lhe se Paulo é seu nome verdadeiro. À resposta positiva, segue-se a despedida. – Desculpa, Ana, mas eu tenho que dormir.
         São nove horas da manhã e Paulo dá um pulo da cama. Percebendo que se atrasaria para a importante reunião no escritório, decide dormir mais um pouco. “Quero nem saber!” – Pensou.
         Do outro lado da cidade, Jade telefona, desesperadamente, para seu chefe. “Atende, Paulo, atende!”. – Jade, os clientes estão esperando. Cadê o Paulo? – Pergunta Marcos, o diretor de criação. – Não sei, chefe! Eu sou a secretária dele, não a mãe!
         Diante da sua ausência, Marcos resolve apresentar sozinho o projeto gráfico de Paulo. Ao fim da reunião, Marcos chama Jade até sua sala.
– Conseguiu falar com o Paulo? – Diz ele, fazendo sinal para que a porta seja fechada. – Ainda não, senhor. – Então vai buscar ele, já!
         Jade pega o carro e sai dirigindo pelo centro. Porque ainda está ocupada, pensando na bronca que daria em seu chefe e amigo, acaba por não perceber o sinal vermelho. Uma moto preta atravessa à sua frente e o carro de Jade acaba parando do outro lado da avenida. Tudo fica preto e, então, branco. O cheiro de desinfetante cítrico e soro invade seus sentidos e ela acorda em um leito. O enfermeiro aproxima-se da cama e pergunta-lhe o nome, quantos anos tem e onde trabalha. – Eu sou a Jade, tenho 26 anos e acho que perdi meu emprego. E você?
Ele sorri e aponta o crachá no seu peito. – Eu sou o André, tenho 32 e perdi a namorada. – Prazer, André. – Prazer.

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