terça-feira, 26 de abril de 2011

Inquieta

E na insanidade daquele dia de confusão mental e stress, acendeu um cigarro. Acendeu, e logo após pensou: - nunca mais conseguirei colocar a cabeça no lugar e ser feliz com esse meu doce coração amargurado. Não atrairei olhares, meu sorriso não brilhará e simplesmente passarei despercebida. Não marcarei encontros, não relerei velhas cartas de amor, não ouvirei aquela música que pouco antes me fazia vibrar. Não escreverei frases ou textos românticos. Não me lembrarei do cheiro, não pensarei mais. É sério, não amarei outro alguém. Não serei amada por outro alguém. Sou feia, sou estranha. Se não for ela não será mais ninguém. Afinal, quem poderia me amar desse jeito? Romântica, fumante e, por vezes, desequilibrada. Se cruzarmos na rua, que bom, não sentirei nada mais! Não trocarei olhares, não nos abraçaremos, não tentarei sentir seu perfume doce no ar, e não prestarei atenção na sua roupa. Estarei bem, alegre e sorridente. Por dentro, destruída em mil pedaços, eu sei. Mas ainda assim, sorridente. Ao retornar a olhar pra frente... Não, não! Por que olhar pra frente se fingirá que não a vi, e o mesmo farei eu...? Não faz nenhum sentido. Não olharei. Definitivamente, não olharei.  E pensou:
 “How could she say to me
Love will find a way…?”

Esqueceu-se, porém, de que era linda por dentro, e de que definitivamente tinha um coração. Daquele dia em diante, os dias foram passando e o encontro tão desejado nunca aconteceu. Ela não sabe qual teria sido a reação, ela não sabe como seria. Entretanto, ela precisava saber, e infelizmente, esperava por isso. Lembrou-se então de que não poderia continuar assim. Acendeu outro cigarro e sentiu a lágrima fria e desconsolada que estava presa há alguns minutos no canto do olho esquerdo e o celular tocou. Era uma amiga, convidando para um jantar entre amigos, nada de mais. Algo simples e aconchegante. Som baixo, cigarros, vinho e palavras soltas na madrugada. Alguns amigos estão chegando de viagem e queriam fazer algo assim. Ela agradeceu o convite, e disse que precisava estudar, que estava ocupada ou qualquer coisa do gênero. Deitou-se e se sentiu mal por ter mentido. Sentiu culpa por ter ficado em casa, comendo uma barra de chocolate e vendo um filme desinteressante e, ocasionalmente, chorando. Foi até o quarto e encontrou uma caixinha embaixo da cama, uma que ela guardava coisas “velhas e fúteis”. Abriu uma agenda e leu um bilhete dobrado com um número de telefone, e o remetente era seu atual grande amor. No bilhete estava escrito: gata, nunca deixe de ir a uma festinha particular. Esta noite foi maravilhosa e se eu tivesse ficado em casa não posso imaginar o quanto eu teria sofrido sozinha. Graças a ti, sei que muitas coisas boas começarão a acontecer, e que minha vida tem chance de dar certo novamente. Espero te reencontrar e sentir de novo o sabor da tua boca. Beijo, do teu futuro grande amor! P.S.: Me liga, tá? (;
Naquele exato momento, colocou a roupa mais bonita, se olhou no espelho, acendeu um cigarro e jogou a fumaça no espelho da sala. Sorriu, virou as costas e bateu a porta. Foi ser feliz!

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