Lembro-me da primeira vez que tomamos
um banho de chuva. Era verão, as pessoas na rua corriam para baixo das
marquises e nós nos olhamos, com aquele sorriso infantil de quem vai aprontar
uma. Ela pegou a minha mão e puxou-me para o meio da rua. Giramos e giramos
entre gargalhadas juvenis, enquanto os adultos riam da nossa brincadeira.
Quando acabaram as férias e ela teve que voltar à sua cidade, prometemos trocar cartas diariamente. Sempre que o céu chorava, eu contava a ela e dizia que aquela chuva era o seu abraço. Era uma coisa nossa. Uma intimidade de duas pessoas que se amavam e não precisavam da aprovação de ninguém, muito menos da compreensão.
Passaram-se uns dois anos e sempre que chovia era uma alegria imensa para ambos. Mesmo sem poder vê-la, eu sabia que o meu carinho estaria sendo recebido em cada gota caída. Mas todo carnaval tem seu fim.
Ela adoeceu em março. Era um lindo dia de sol e algumas nuvens branquinhas dançavam no alto. Tudo ficou cinza com aquele telefonema. Eu sabia que aquelas crises eram normais, porém, naquele dia, eu tive medo. Quis ir até lá e cuidar da minha pequena, mamãe não deixou. Ela não atendeu minha ligação, estava cansada. Então, eu pedi aos céus que mandassem chuva e afeto a ela.
Depois de uma semana quente e solitária, chegou a notícia. Eu desmoronei. As lembranças do que poderia ter acontecido e das coisas que eu deveria ter dito e feito vieram como um turbilhão incessante e duraram alguns minutos – uma eternidade.
Na nossa despedida, enquanto eu chorava, algumas gotas tímidas começaram a cair. Depois aumentaram e aceleraram e a chuva tornou-se violenta. Eu olhei para cima e sorri. Lembrei-me da primeira vez que tomamos um banho de chuva, da sua risada, das suas mãos nas minhas e do nosso amor. E ela me abraçava em cada gota que caía. E nós estávamos juntos de novo.
Quando acabaram as férias e ela teve que voltar à sua cidade, prometemos trocar cartas diariamente. Sempre que o céu chorava, eu contava a ela e dizia que aquela chuva era o seu abraço. Era uma coisa nossa. Uma intimidade de duas pessoas que se amavam e não precisavam da aprovação de ninguém, muito menos da compreensão.
Passaram-se uns dois anos e sempre que chovia era uma alegria imensa para ambos. Mesmo sem poder vê-la, eu sabia que o meu carinho estaria sendo recebido em cada gota caída. Mas todo carnaval tem seu fim.
Ela adoeceu em março. Era um lindo dia de sol e algumas nuvens branquinhas dançavam no alto. Tudo ficou cinza com aquele telefonema. Eu sabia que aquelas crises eram normais, porém, naquele dia, eu tive medo. Quis ir até lá e cuidar da minha pequena, mamãe não deixou. Ela não atendeu minha ligação, estava cansada. Então, eu pedi aos céus que mandassem chuva e afeto a ela.
Depois de uma semana quente e solitária, chegou a notícia. Eu desmoronei. As lembranças do que poderia ter acontecido e das coisas que eu deveria ter dito e feito vieram como um turbilhão incessante e duraram alguns minutos – uma eternidade.
Na nossa despedida, enquanto eu chorava, algumas gotas tímidas começaram a cair. Depois aumentaram e aceleraram e a chuva tornou-se violenta. Eu olhei para cima e sorri. Lembrei-me da primeira vez que tomamos um banho de chuva, da sua risada, das suas mãos nas minhas e do nosso amor. E ela me abraçava em cada gota que caía. E nós estávamos juntos de novo.